A partir de palavras retiradas do poema Ode Marítima de Fernando Pessoa, fazer alguns acrósticos. Escolher um deles e fazer um texto. 10 minutos.
Acróstico: Barcos – Baralhava As Rimas Com Outros Sentidos
Ouvia ruídos, vinham-lhe sons. Apurou os sentidos e esperou as ideias. Não. Não conseguia. Receou ter-se esgotado. O medo. Sempre o medo. De já não conseguir, de nunca mais conseguir. Não sabia dizer há quanto tempo estava ali à espera. O processo era sempre o mesmo: sentava-se a ouvir a música e aguardava as ideias, esperava que lhe chegassem em atropelos de inspiração.
Vinham cada vez menos. O filão já não era o mesmo. O medo. Sempre o medo. Baralhava As Rimas Com Outros Sentidos. Às tantas já não sabia quem era. Pensou: “E então? E se tiver que ser? E se nunca mais for capaz?”
Rodou o corpo, descruzou as pernas. Ficou muito quietinha. Esperou.
E de repente…
É isso! Acrósticos. Faria acrósticos! A partir de inesperadas palavras faria inspiradas frases que se conjugariam. É isso! Havia de conseguir!
Espera… palavras! Onde buscá-las? Como escolhê-las? Onde tinha os dicionários? Os livros de criança? Em livros infantis há sempre tantas palavras bonitas que cheiram a flores frescas acabadas de colher, a castelos de histórias encantadas, a arco-íris que começam no lado esquerdo da floresta e acabam na margem direita do rio, em barcos vindos de… Barcos!
Acróstico: Barcos – Baralhava As Rimas Com Outros Sentidos
Ouvia ruídos, vinham-lhe sons. Apurou os sentidos e esperou as ideias. Não. Não conseguia. Receou ter-se esgotado. O medo. Sempre o medo. De já não conseguir, de nunca mais conseguir. Não sabia dizer há quanto tempo estava ali à espera. O processo era sempre o mesmo: sentava-se a ouvir a música e aguardava as ideias, esperava que lhe chegassem em atropelos de inspiração.
Vinham cada vez menos. O filão já não era o mesmo. O medo. Sempre o medo. Baralhava As Rimas Com Outros Sentidos. Às tantas já não sabia quem era. Pensou: “E então? E se tiver que ser? E se nunca mais for capaz?”
Rodou o corpo, descruzou as pernas. Ficou muito quietinha. Esperou.
E de repente…
É isso! Acrósticos. Faria acrósticos! A partir de inesperadas palavras faria inspiradas frases que se conjugariam. É isso! Havia de conseguir!
Espera… palavras! Onde buscá-las? Como escolhê-las? Onde tinha os dicionários? Os livros de criança? Em livros infantis há sempre tantas palavras bonitas que cheiram a flores frescas acabadas de colher, a castelos de histórias encantadas, a arco-íris que começam no lado esquerdo da floresta e acabam na margem direita do rio, em barcos vindos de… Barcos!
Boa!
Endireitou-se e começou a escrever.
Endireitou-se e começou a escrever.
"Boémios Amores Recordados Como Orgias Suaves…,
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6 comentários:
Oh Nêta, nem de propósito... depois da nossa conversa sobre impiração e como estimular os sentidos e tens esta na manga!!!!
Este é um texto muito original porque "acaba" onde a inspiração começa em vez de esperar por ela para nascer.
Gostei da ideia e vou aproveitar-me dela, se não te importas!!!
Para a próxima vez que ficar uma hora a tentar econtrar o fio da meada, deixarei entornar isso mesmo sobre uma folha em branco.
Obrigada!!
E já agora: Boémios Amores Recordados Como Orgias Suaves... Que boa frase... daria um óptimo mote para um novo exercício, não achas?... Já estou a imaginar o que podia sair daqui...
Será que podes fazer tu também um texto a partir daí e "posta-lo" aqui? Fico à espera
Sobre a frase de Maugham... O hábito da leitura transforma o mundo real numa fonte de decepções... e negra sou eu?
É pode ser, o enriquecimento provocado pelo conhecimento do mundo pelos olhos dos outros, pelas suas realidades alargam-nos a foz do nosso rio, e por vezes podemos, ao não encontrarmos, quando fechamos um livro, os paraisos que imaginámos, desiludir e cair. Mas podemos aprender com esses professores que são as palavras, a ver no nosso mundo o belo, o mais fundo, o tão dentro daqueles que nos rodeiam. Descobrir que nos envolve a perfeição, porque em cada um, em cada coisa, em cada dia, há sempre um lado perfeito.
Obrigada Dulce!
Os acrósticos são boas opções, sim. Mas não me parece que precises deles.
A minha frase é uma faca de dois gumes. Pode haver quem não goste...
Para já o blog serve unicamente para postagem dos textos do curso. Mas depois... quem sabe? Esta frase pode vir a ser um ponto de partida, sim...
Bjs
Nêta
Dulce,
Negra? Não. Coloquei este excerto do Maugham há mais de 20 anos num caderninho de pensamentos. Nunca o vi assim. Entendo-o como a ideia de que a leitura nos permite criar uma "bolha" de protecção, onde podemos viver alheados das tais crueis decepções do mundo real. E é exactamente assim que eu sinto. Claro que, ocasionalmente, temos que sair do refugio e regressar à vida...
É nessas alturas que enfrentamos a realidade.
Beijinho, Dulce
Nêta
Como uma vez já referi, é isto que a arte tem de bom... mil olhares, mil visões...
Não vejo os livros como refugios mas como aviões interplanetários, não como protecção do mundo mas como exposição ao mundo.
Mas as nossas emoções tem liberdade para serem aquilo que quiserem, dentro de nós existe a única democracia, por isso quem sente refugio, refugio será!!!!
E não te esqueças, quando enfrentares a realidade, de procurar o seu lado belo (acho que foste tu que me disseste isto, não?)
Beijinhos
Dulce,
Normalmente dizemos aos outros aquilo que precisamos ouvir, não é? Ao dizê-lo à outra pessoa já estamos a ouvir as nossas próprias palavras, certo? O primeiro destinatário das nossas mensagens somos nós.
Beijinhos
Nêta
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