sexta-feira, 19 de março de 2010

Com palavras de lá


Mote: escrever um texto com palavras de terminologia brasileira, proposta pelo Luis. Após pesquisa, foi possivel descobrir os seus significados, que indico à frente de cada uma: «bochinho» (um tipo irritadiço), «brasina» (não encontrei o significado, mas descobri que há uma village na Croácia com este nome), «Xirú», «capincho» (bicho, tipo capivara), «temporona» (fora de tempo, fora de época). Incluí, ainda, «barbada» (algo fácil), na sequência de um comentário da Leila.

«Xirú, tem aqui sua nova assistente. O espectáculo é logo mais à noite, o melhor é ensaiarem agora um pouco».
Xirú Bananaeira respirou fundo e olhou mais uma vez para a rapariga. Não percebia porque razão o seu agente tinha contratado aquela moça temporona. Tudo o que nela pudesse prometer parecia já ter acontecido. Se ao menos ela soubesse dançar, estava disposto a esquecer os anos a mais que ela aparentava, os quilitos que não disfarçava e o palmo de cara que lhe faltava.
Longe iam os tempos em que ensinar estas raparigas era barbada e lhe dava um tremendo gozo. Agora, tudo o que elas conseguiam era trazer de volta a lembrança de Conchita Consuelo e da semana que tinham passado em Brasina, esquecidos da vida. Lá, na Croácia, naquela village distante do mundo, tinham sido felizes. Mas, enfim, o seu agente descobrira que ela era casada com o empresário do espectáculo e não admitira que uma paixoneta interferisse com o esforço e suor de meses de trabalho. Em pouco tempo, tinha feito Conchita desaparecer e, com ela, toda a sua esperança num futuro longe dos palcos, lugar onde sentia não pertencer.
Desde aquele dia ganhou fama de bochinho e agora ainda tinha que ensinar aquela flausina a dançar ao som da concertina. Que decadência, meu Deus, que figuras era obrigado a fazer.
Bom, e se queria despachar-se, talvez fosse melhor começar, ajudando a rapariga a descer da cadeira. Nunca entendera aquela fixação feminina de pular para cima de mesas e cadeiras sempre que se deparavam com capinchos, que ainda por cima eram bichos tão inofensivos.

Mote: Luis
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2 comentários:

Joao Franco disse...

Que historia !!!!!!!!!!!! Genial !! Mto boa !!

So tenho pena deste blog ser actualizado mes a mes, devia ser no minimo semanal.... :(

Um dia havemos de escrever um livro a meias .............hihihi

Beijinhos, ta um MUST a historia

nêta disse...

Olá João,
Muito obrigada pelas tuas palavras. Também tenho acompanhado o teu blogue e gosto muito, mesmo se não comento com frequência. Agora anda um cadito mórbido, com as aventuras da Laura Palmer :-) :-)
Tenho vindo aqui pouco, por falta de tempo e espaço mental. É a vida a atropelar-nos, volta e meia. Mas prometo ser mais assídua.
Escrever a 4 mãos? Estou sempre pronta e a postos...
Beijinhos!