sexta-feira, 3 de julho de 2009

Qual é a tua cor hoje? (II)


Mote - Um texto iniciado por: "Quando ela pintou o cabelo de verde..."

Quando ela pintou o cabelo de verde, a sogra pensou que desta vez é que ela tinha enlouquecido! Aquilo já era de mais! É certo que naquele cabelo já tinha visto praticamente todas as cores que alguma vez julgara poder ver numa cabeça, aliás até já diversos tons esverdeados tinham acampado por ali mais vezes do que considerava aceitável, mas desta vez…

Estava sobejamente habituada às extravagâncias da rapariga e não gostava de recordar a única vez que a tinha acompanhado às compras. Ainda hoje se perguntava onde tinha ela descoberto aquela loja e arrepiava-se com a familiaridade com que a viu tratar as funcionárias e os restantes frequentadores do sítio. Era habitual ver-lhe nos pés umas coisas a que só uma alma benevolente chamaria calçado e as unhas já tinham passado por todos os processos de transformação e coloração possíveis. Tons claros e escuros, suaves ou garridos, tudo era opção para os artefactos que cobriam aquele corpo (quase sempre muito pouco…) desde que o resultado fosse notoriamente bizarro. Até sobre a depilação nas zonas íntimas já tinha ouvido umas histórias, mas nunca pensou que a rapariga tivesse o descaramento de colorir o cabelo de verde-alface.

Nem queria pensar no trabalho ia ter esta noite para esconder a descarada dos olhos do marido. Nem era tanto por saber que ele nunca morrera de amores pela nora, mas ainda estava bem viva na memória de todos a histeria dele quando, na semana passada, o filho, sempre dado a partidas, tinha levado a cabo a sua mais recente brincadeira ajudado por aquela doida: de noite, enquanto a casa dormia, dedicaram-se ambos a pintar, exactamente daquela cor, as cabeças de todos quantos nela se encontravam. Nem a avó havia escapado!

Mote de: Graça
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2 comentários:

dulce surgy disse...

Que bom que volto a ler-te.
Que bom poder voltar a sorrir com a tua leveza. Um grande beijo

nêta disse...

Pois é, Dulce. Tenho andado um bocado arredada. Ainda bem que estás atenta e me chamas "à pedra".
Mas acho que vou estar mais presente nos próximos tempos.
Um grande beijinho para ti também e boa sorte para os teus projectos.