sexta-feira, 15 de maio de 2009

Nas minhas mãos


Em escrita automática (processo de escrita contínua, sem interrupções, emendas ou retrocessos), um texto iniciado por: “Depois do que sucedeu, lavei meticulosamente as mãos”.

Depois do que sucedeu, lavei meticulosamente as mãos. Não podia mais com aquela sujidade. Não sabia de onde me vinha aquele nojo. Mas era nojo. Estava lá tudo. Enquanto lavava as mãos, vinham-me à memória os detalhes. A faca, o momento de cortar o pescoço, o sangue. O pior de tudo era o sangue, aqueles esguichos na minha direcção. Nem o cuidado de me ter prevenido com um enorme avental me libertou daquele nojo.
Agora, nada, nada, nem as súplicas da minha avó por um arroz de cabidela, me convenceria a voltar a matar uma galinha.
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